O Pogrom
O Pogrom
Os tios de
Sara moravam em Koluszki e ela sempre se lembrava desta história.
Sara era
pequena, talvez 9 ou 10 anos e lembra que o tio era alegre e brincalhão.
A tia era
irmã se seu pai e ela gostava de fazer tranças nos cabelos de Sara.
Não moravam
muito longe, mas, naquela epoca nao era tao facil viajar de uma cidade a outra
e por isso se viam so de vez enquando.
Quando se
encontravam conversavam bastante, falavam do trabalho, da família, dos poucos
amigos e de como era na Russia quando seu pai estudava lá.
A tia de
Sara gostava de fazer picnics perto de Lotz e as criancas brincavam correndo e
se escondendo entre as arvores
Mas tinha
um assunto que quando falavam baixavam a voz e ficavam olhando de rabo de olho.
Quando as crianças chegavam perto mudavam de assunto, mas Sara e seu primo
Shier sabiam que falavam sobre pessoas morrendo, na verdade falavam de pessoas
matando judeus.
Era difícil
entender porque isso acontecia, sempre diziam que eram pessoas boas,
trabalhadores e derrepente estavam mortas.
Falavam de
um ódio que os gentios têm pelos judeus, mas nunca explicaram direito.
Um dia Sara
estava limpando a casa quando uma vizinha chegou com uma cara de assustada.
Era cedo e
um dia frio, cinza.
A vizinha
procurava pela sua mãe, estava agitada e com cara de medo.
A mãe tinha
saido para buscar leite e não ia demorar. A Vizinha disse que voltava depois.
Quando
voltou sua mãe já estava esperando e foram para um canto da cozinha.
A conversa
foi rápida e a mãe se Sara começou a chorar alto, na verdade berrando e batendo
com as mãos na cabeca e no peito. Os adultos fazem isso quando alguém morre.
O tio esta
morto.
Morreu
junto com algumas outras pessoas. Conversa estranha. Ninguém fala direito.
Logo a casa
estava cheia de vizinhos e falam que foi um Pogrom, mais um Pogrom, outro
Pogrom, falam que fazia tempo que não tinha Pogroms em Lodz ou em Koluskzi.
Ninguém
quer explicar o que é Pogrom, parece que eles têm vergonha de falar.
Uma amiga
explicou. Parece que os Siksas, os não judeus, as vezes resolvem matar judeus.
Eles se ajuntam pegam paus, facões, tochas e atacam os bairros judeus para
matar gente.
Ela disse
que estas pessoas gritam e xingam os judeus, falam que uma criança morreu por
causa de uma bruxaria de judeu, que a água do poço foi envenenada por um judeu
ou que os leites das vacas secaram por causa das rezas dos judeus e por isso
querem matar alguém.
Os pais de
Sara decidiram não ir até Koluszki porque pode ser perigoso, pode acontecer
outro Pogrom .
Um vizinho
disse que não conseguiram nem por o Tach´Richim, ou vestimenta de morte, no
tio.
Cobriram
todos os espelhos, porta retratos e quadros da casa, como manda a tradição para
que o tio não veja a sua própria imagem, mesmo morando em outra cidade a mãe de
Sara quis seguir o Shivá, ou o ritual de sete dias de luto de morte judaico.
Mas as
pessoas não tinham coragem de explicar como foi que o tio morreu, parece que o
corpo foi queimado, mas como pode ser isso? O tio sempre foi trabalhador e
alegre a as vezes até brincalhão com as crianças.
Na metade
do Shloshim, periodo de 30 dias após a morte, Sara conseguiu saber o que
aconteceu e a palavra Pogrom nunca foi tão feia.
Foi mesmo
um Pogrom, um grupo de pessoas, uma mistura de Poloneses, alemães e Russos que
moravam perto de Koluszki resolveram atacar os judeus da cidade e foram para
onde o tio de Sara morava, começaram a bater nas portas, quebrar janelas e
tirar pessoas para rua a bater com paus nelas.
O tio de
Sara, junto com outras pessoas conseguiram escapar e fujiram em direção a
sinagoga.
Os
assasinos foram atras e cercaram a sinagoga. Parece que era uma casa pequena,
não cabiam mais que 50 pessoas.
O tio de
Sara, junto com mais umas dez pessoas com mulheres e crianças começaram a rezar
e pedir ajuda, mas os assasinos queriam acabar com isso naquela noite e, depois
de travar as portas, usando as tochas, atearam fogo na sinagoga e todos que
estavam lá dentro morreram naquela noite.
Ninguém foi
acusado ou preso, todos falavam que é assim mesmo, que ninguém liga para os
pogrons e que antigamente era pior porque aconteciam mais vezes e morrima mais
gente.
Foi assim
que Sara entendeu o que significa ser uma menina Judia na Polonia e que, para
ser morta, basta alguem não judeu querer e que, provavelmente, não vai
acontecer nada com este assassino.
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