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Mostrando postagens de abril, 2020

Me entreguem seus filhos

4 de Setembro de 1942 No meio da manhã Lebo, o chefe da fabrica passou avisando que todos teriam que sair no meio da tarde para ouvir um discurso do líder Rumkviski na praça (???) e, por isso, todos tinham que acelerar o trabalho para entregar a meta do dia mais cedo. Sara e Rushka estavam assustadas. Já faziam algumas semanas que o clima no gueto estava tenso, no dia 01 de Setembro os alemães haviam invadido o hospital do gueto e retirado todos os doentes e enviado para os trens. Muitos falavam em uma nova deportação para longe do gueto. Falavam que os alemães estavam estacionando vários vagões de carga no terminal perto do gueto e que deveriam servir para carregar os judeus para longe de Lotz. Mas ninguém sabia como seria isso... Quantas pessoas? Para onde? Vão as famílias inteiras ? Algumas pessoas diziam que podiam confiar em Rumkoviski que ele negociava com os alemães, afinal de contas o gueto já era uma enorme fabrica para os alemães e não fazia sentido acabar com...

As pedras pretas

As Pedras Pretas Sara acordava cedo, o trabalho na oficina começava as 05:00 da manhã, mesmo no inverno e ia até as 06:00 da tarde. Tinha fome, mas isso não era novidade. Desde que se mudou para o gueto a fome é uma companheira constante. Estava muito magra, mas estava viva. Desde que seu pai morreu seus dias passaram a ser somente a busca por estar viva e trabalhar na oficina, esta ajudando muito. As oficinas de Rumkowski. Se não fosse sua amiga Rosa Walmann, a Ruska, ela não teria sobrevivido. Elas passam mais de 12 horas por dia costurando uniformes alemães, Sara tinha que costurar os punhos e colarinhos nas camisas dos soldados. O chefe se chamava Leibo e era muito bravo, ficava o dia todo ameaçando demitir quem não conseguisse acabar o trabalho do dia. A demissão era quase uma setença de morte. Quem não trabalhava tinha que tentar viver de esmolas, trocas ou roubos, mas poucos conseguiam passar pelo inverno. Ruska acordava ainda mais cedo e as 04:30 da manhã bati...

O Pogrom

O Pogrom Os tios de Sara moravam em Koluszki e ela sempre se lembrava desta história. Sara era pequena, talvez 9 ou 10 anos e lembra que o tio era alegre e brincalhão. A tia era irmã se seu pai e ela gostava de fazer tranças nos cabelos de Sara. Não moravam muito longe, mas, naquela epoca nao era tao facil viajar de uma cidade a outra e por isso se viam so de vez enquando. Quando se encontravam conversavam bastante, falavam do trabalho, da família, dos poucos amigos e de como era na Russia quando seu pai estudava lá. A tia de Sara gostava de fazer picnics perto de Lotz e as criancas brincavam correndo e se escondendo entre as arvores Mas tinha um assunto que quando falavam baixavam a voz e ficavam olhando de rabo de olho. Quando as crianças chegavam perto mudavam de assunto, mas Sara e seu primo Shier sabiam que falavam sobre pessoas morrendo, na verdade falavam de pessoas matando judeus. Era difícil entender porque isso acontecia, sempre diziam que eram pessoas boa...